Conforme descrito anteriormente neste guia, os sangramentos articulares ou hemartroses ocorrem principalmente na
membrana sinovial ou sinóvia, provocando quadro inflamatório chamado de sinovite aguda. Este processo inflamatório pode persistir mesmo após a diminuição do calor local, edema, recuperação da mobilidade e redução de dor. Isso ocorre, porque as células de defesa do organismo continuam a “atacar” as células sanguíneas contidas no espaço articular, mantendo então o processo inflamatório de forma prolongada. Essa condição é chamada de sinovite crônica. De forma resumida, com a degradação das células sanguíneas dentro da articulação, ocorre
a liberação de íons de ferro e formação de uma substância chamada de hemossiderina. A presença da hemossiderina faz com que o processo inflamatório persista tanto na sinóvia quando nos demais tecidos articulares, como osso e cartilagem. Por fim, a inflamação crônica provoca alterações estruturais no tecido. A sinóvia ficará mais vascularizada, mais espessada, irregular e mais frágil, sendo mais suscetível a novos sangramentos articulares. As células contidas na cartilagem, chamadas de condrócitos, serão parcialmente destruídas e não mais produzirão a matriz extracelular, fundamental para sua integridade.
É por este motivo que a mesma sofrerá danos e erosões irreversíveis e progressivos.
Já no osso ocorre processo similar ao da cartilagem, sendo caracterizado pelo desequilíbrio entre as células que produzem e degradam o osso, provocando algumas erosões e formações de cistos e osteófitos (formações ósseas irregulares).
Este processo caracterizado pelo dano da cartilagem e do osso é chamado de artropatia.
A artropatia pode ser classificada em diferentes graus de acordo com a gravidade do dano observado através de exames de imagem como ultrassonografia, radiografia e ressonância magnética.
A melhor forma de prevenir a instalação ou progressão das artropatias é evitar os sangramentos articulares recorrentes em uma ou mais articulações.